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Tuesday, July 03, 2007

Politica de Trabalho ou Oportunismo Eleitoralista

Hoje, o Secretário de Estado do Emprego e Formação Profissional, Fernando Medina, decidiu ser noticia em vários jornais pelo seu anúncio precoce da nova política de apoios directos à contratação. Esta politica baseia-se basicamente num pressuposto que é a transferência de praticamente todos os apoios à contratação de trabalhadores até aos 30 anos para se tornarem a médio prazo apoios à contratação de trabalhadores com mais de 55 anos. Entre outras publicações podemos encontrar estas referências no DE, CM e JN.

Quais são os verdadeiros objectivos desta medida? Entre vários argumentos apresentados por Fernando Medina, e passo a citar alguns: "apoiar directamente a contratação de jovens que não tenham o ensino secundário completo e utilizar esses recurso para reforçar a oferta de formação e qualificação de dupla certificação: ensino e profissional"; "estas medidas não vão aumentar o desemprego na faixa etária dos mais novos, porque se "está a fazer em simultâneo um fortíssimo alargamento da oferta de formação para esses jovens"; "isenção de contribuições para a Segurança Social nas contratações de jovens entre os 16 e os 30 anos, até agora vigente, apenas se manterá em contratações até aos 23 anos e quando a pessoa tenha o Ensino Secundário ou esteja a frequentar acções de formação. O objectivo é acabar com o incentivo à contratação de jovens sem o Ensino Secundário". Se estes são os argumentos para basear uma politica deste tipo então apenas posso considera-los como pura demagogia e propaganda política com objectivos obscuros.

Fará sentido apoiar um conjunto de trabalhadores que obteve durante décadas rendimentos do mercado de trabalho e que como tal acumulou capital físico e património, obteve experiência de trabalho num sentido profissional e experiência especifica em organizações, possui devido a toda essa experiência uma rede de contactos sociais e também a possibilidade de acesso ao subsidio de desemprego alargado no tempo e à pré-reforma, em detrimento de um conjunto de trabalhadores que não possui nenhuma destas vantagens e apenas pode em determinados casos aspirar a possuir mais qualificações académicas que os seus concorrentes no mercado de trabalho? Bem para alguns iluminados isso parece fazer sentido com base em alguns argumentos.

Já me tinha referido à importância de, neste momento, se apostar na inserção dos jovens no mercado de trabalho no post com o titulo "Sobre a Politica de Trabalho e Desemprego". Nesse post refiro porque na minha opinião a politica de apoio à contratação deveria ser exactamente oposta, baseando-me em dados do Instituto Nacional de Estatística e num simples raciocínio do funcionamento do mercado de trabalho e nos desafios que esta questão implica. Pelas mesmas razões mas noutro sentido, considero que apoiar um segmento do mercado de trabalho que o próprio mercado preferiu, e continuará a preferir desprezar, em detrimento de um grupo que enfrenta sobretudo problemas de inserção nesse mercado, não faz sentido nenhum e será claramente uma política que prejudicará o pais no futuro. Porque despreza o mercado este segmento? Bem porque o excedente social obtido em toda a relação laboral começa a ser negativo, isto é especialmente evidente para trabalhadores menos qualificados, que é o grupo dentro deste segmento que vê esse fenómeno acontecer mais cedo e por várias razões de uma forma mais dramática. Qualquer politica que tente alterar temporariamente esse mecanismo de mercado será um fracasso no médio-longo prazo pois não conseguirá atingir os seus objectivos, despendendo recursos escassos que deveriam servir para beneficiar o nosso desenvolvimento através da correcção de verdadeiras falhas de mercado e não de evidências de mercado. A única forma de ajudar este segmento do mercado de trabalho é promover a inserção deles através do seu capital acumulado, sendo o caminho mais óbvio o apoio à criação de actividades empresariais próprias onde o seu valor seja efectivamente reconhecido.

Por ser tão absurda esta politica só consigo encontrar uma explicação para ela. Promover uma politica que beneficie o Partido Socialista eleitoralmente. Como? Apoiando um segmento da população mais favorável ao PS em detrimento de um segmento da população que dispersa os seus votos por vários partidos à direita e esquerda do PS. Além disso esta política beneficia financeiramente o Ministério do Trabalho ao limitar os apoios aos mais jovens aos fundos para formação provenientes na sua maioria do orçamento da União Europeia. Ao limitar os apoios até aos 23 anos de idade o MTSS limita também o seu apoio a licenciados, limitando assim os sujeitos deste programa a uma faixa da população que tenha o secundário completo e menos de 23 anos. O resultado será apoiar apenas a contratação de jovens entre os 18 e os 23 anos de idade nessas condições de elegibilidade. Os licenciados deixarão de ser apoiados e serão os mais prejudicados por estas medidas, pois não precisam de mais formação no imediato e perdem todos os apoios à inserção no mercado de trabalho.

Os efeitos nefastos desta politica serão vários e não apenas sociais como também económicos e no mercado de trabalho. Nas palavras de Fernando Medina os programas de formação bastarão para limitar estes efeitos, eu não acredito nisto por razões óbvias. Uma das evidências mais importantes acerca de programas activos de emprego são os seus resultados nos EUA. Em média os seus efeitos são mais positivos nos primeiros 15 dias a seguir ao seu inicio indicando que o desempregado mal começa a perceber que os funcionários públicos vão interferir na sua carreira decide que então mais vale arranjar um qualquer emprego e o mais rapidamente possível. Se estes programas funcionam em países do Centro e Norte da Europa isso é devido à concertação social existente sobre a forma de contrato e ao modelo de desenvolvimento existente que permitem estes mecanismos terem resultados interessantes. Num pais como Portugal, em que os parceiros sociais não se conseguem entender numa estratégia comum que os beneficie e que a discussão destes problemas se encontra baseada em argumentos tipo século XIX e no ódio e preconceito latentes que existem entre ambos os lados, é bem provável que esta opção politica não atinja os seus objectivos.


Mas quem é Fernando Medina, o Secretário de Estado que ousa implementar esta medida? Não indo mais longe que o seu curriculo online disponivel no portal do Governo, podemos retirar algumas conclusões interessantes. Fernando Medina é um ex-dirigente académico com um longo cordão umbilical à estrutura partidária do PS desde esses tempos, mantendo diversas posições e nomeações de claro cariz partidário. Fernando Medina nunca teve um emprego no sector privado, não sendo provável que conheça as vicissitudes inerentes ao processo de procurar trabalho e trabalhar para outros que não o Estado ou organizações financiadas pelo Estado. Por último, resta apenas referir que Fernando Medina não possui uma currículo académico relevante nas áreas da Economia do Trabalho ou em qualquer área ligada aos mercados de trabalho. Perante este cenário poderia arriscar afirmar que Fernando Medina se trata, como coloquialmente se costuma dizer, de um "Boy Socialista" ou um "Jotinha". Escuso-me de fazer essas afirmações e prefiro deixar aqui uma célebre frase do General de Gaulle": "A politica é um assunto demasiado importante para ser deixado aos políticos". Certamente que De Gaulle se queria referir a este tipo de casos...

Comments on "Politica de Trabalho ou Oportunismo Eleitoralista"

 

Anonymous Anonymous said ... (7:17 PM) : 

O post colocado por GPM só pode ser adjectivado de duas formas: ignorante e estúpido.

Ignorante, em primeiro lugar, porque revela desconhecimento completo da proposta apresentada.
Comecemos pelos jovens.
A proposta apresentada pelo Governo NÃO LIMITA "os apoios até aos 23 anos de idade" NEM "limita também o seu apoio a licenciados". A proposta do Governo diz sim que "jovens até 23 anos sem secundário não terao apoio", i.e., jovens com secundário (INCLUI LICENCIADOS, CLARO...) terão apoio desde a conclusão da formação(17/18 anos normalmente) até aos 30 anos (como actualmente). Jovens sem o secundário terão apoio se tiverem mais de 23 anos.
Parecia relativamente evidente a razão da iniciativa (até ao post, claro): qual o sentido de num país como o nosso, com baixíssimos níveis de qualificação e conhecendo-se o forte impacto destes nas trajectórias do mercado de emprego, incentivar a entrada precoce no mercado de pessoas sem qualficação? Haveria pior sinal que a política pública pudesse transmitir? Não havia, claro, mas a estupidez é grande...
Mas além disto, o post é estúpido na apreciação que faz sobre os trabalhadores mais velhos. Todos os indicadores do mercado de emprego mostram que é precisamente nos desempregados mais velhos que se colocam os maiores problemas de reingresso ao mercado de trabalho. Basta só consultar, p.e.x., as taxas de actividade, emprego e desemprego ou a duração do desemprego) Pq? Porque são em regra muito menos qualificados que os mais novos, pq têm menor capacidade de adaptação à mudança nas organizações, pq enfrentam o preconceito ou pq, em períodos de desemprego mais elevado,é menor o custo de contratação de quadros mais novos.
Assim, e pq as nossas sociedades têm vindo a conhecer apreciáveis aumentos da esperança média de via, podemos ver por toda a Europa serem desenvolvidas medidas de estímulo positivo ao envelhecimento activo NO mercado de trabalho. Trata-se pois do "local certo" de intervenção da política pública, i.e., agir, de forma temportária, sobre uma falha do mercado de emprego.
Com "estudantes de mestrado em economia" como estes não admira que o desemprego de "jovens com canudo suba" (sim, pq quanto a competências estamos conversados...) Aqui com razões mais que justificadas, dado o tamanho da ignorância e estupidez...

 

Blogger GPM said ... (8:26 PM) : 

Não percebo porque me chama tantos nomes, podia ter criticado a minha opinião sem me insultar.

Segundo, o que foi apresentado não foi uma proposta como você referiu. Siga novamente as noticias dos jornais e veja como isto será realidade nos próximos tempos. Para isso ser possível das duas uma ou a Assembleia da Republica aprova novo programa de despesa (condição necessária pela lei do orçamento) ou então muda-se as condições de elegibilidade de um programa já existente. Tudo indica que seja esse o caso, sendo as condições referidas por mim nada mais que a reprodução das afirmações do Secretário de Estado descritas pelos jornais.

Terceiro, concordo consigo que se deva incentivar a contratação e a qualificação (nunca referi outra coisa diferente, leia melhor), mas recorde-se que o programa existente até agora era muito mais restritivo do que um que apoie pessoas com mais de 55 apenas. Então não é necessário incentivar as qualificações em todas as idades?

Quarto, não existe falha de mercado quando o beneficio social que pode ser quantificado de um trabalhador deixa de ser positivo para a empresa. A única solução é adiar essa inevitabilidade através da qualificação, no entanto, não encontrei nenhum ponto nesse sentido nesta proposta.

Quinto, em qualquer pais do mundo a nova geração tem em geral mais qualificações académicas que as anteriores. No entanto, em todos esses países os empregadores têm em mais em consideração a experiência prévia no mercado de trabalho como referência e não o contrário.

Sexto, os números do desemprego em Portugal demonstram claramente que em termos etários os mais novos são os que estão em pior situação. O desemprego de maiores de 55 anos é claramente reflexo de questões sectoriais e em certos casos reflexo do sector produtivo regional especifico.

Por último queria dizer-lhe que a boca acerca do meu mestrado demonstra e muito a sua mentalidade conservadora. Eu já tive 3 empregos, estudei, trabalhei e enfrentei o desemprego e nem sequer tenho ainda 30 anos. No meio de toda esta propaganda até poderia ser utilizado como exemplo de "marketing" político. A realidade actual demonstra que as leis e politicas conservadoras que vão por cá existindo levaram Portugal a tornar-se um dos países com performance económica mais fraca a nível mundial e uma situação financeira externa caótica. Talvez, digo eu, seja altura de começar a mudar de politica e sermos ambiciosos em vez de nos manter-mos na mediocridade de discurso e ideias.

Uma boa semana para si também,

GPM

 

Anonymous Anonymous said ... (5:15 PM) : 

Caro GPM

Tb preferiria unicamente uma discussão de ideias, e do seu mérito. Mas remeto-o para o seu post inicial, e fácil é perceber que a sua opção foi outra.
Conheço pessoalmente as pessoas que trabalham nesta área - que são em geral altamente qualificadas, incluindo o SEstado - e tudo o que referiu é totalmente preconceituoso e falso. Claro que é sempre fácil, sob a capa do anonimato de um blog, rotular pessoas que não se conhece. Bem como, com uma grande dose de ignorância e sobranceria (desculpe mas não há outros termos), discorrer abundantemente sobre temas e matérias que se desconhece (perdoe-me, mas para alguém com pretensões a um conhecimento científico mínimamente sólido e a falar com autoridade, não é suficiente basear-se nos títulos das notícias...)

Tb tive vários empregos e estive desempregado, o que não me dá nenhuma autoridade especial em nenhum debate. Só um conhecimento e humildade reforçada face às dificuldades e problemas.

Mas vamos à matéria de substância:

1- Actualmente vigoram em Portugal, entre muitos outros, apoios directos à contratação de jovens (até 30 anos) e de Desempregados de Longa Duração (DLD, i.e., desempregados há mais de um ano) consubstanciados através da isenção de contribuição para a segurança social (TSU) da parte da entidade empregadora, pelo período de 36 meses.

2. Este incentivo existe, inalterado, salvo erro, desde o ano de 1994.

3. As razões que estiveram por detrás da sua criação mantêm-se inalteradas: i) o elevado desemprego nos jovens (que é, em Portugal, como na generalidade dos países europeus, cerca do dobro da média nacional - consultar EUROSTAT, p.ex.), em particular o denominado "desemprego de transição"; ii) o forte aumento das dificuldades de reingresso no mercado de trabalho dos DLD's (mais de 90% dos DLD's acabam por se tranforamar em DMLD - i.e., dois anos ou mais), dada a deterioração das suas competências, das suas redes de relações e tb, com frequência, das suas condições psicológicas;

4. Mas dada a realidade actual - e prospectiva do nosso mercado de emprego - tornam-se evidentes ajustamentos nesta política de incentivos, tendo em vista aumentar a sua eficácia. Em que pontos?

5. Em 1º lugar, e como já referi, deixando de sinalizar positivamente a entrada precoce no mercado de trabalho de jovens (com menos de 23 anos) com baixas qualificações.

6. Em 1994 Portugal batia-se ainda pela generalização da escolaridade obrigatória (só em 2001, conseguimos que mais de 90% da faixa dos 15 anos estivesse na escola, e não significa que estivesse no "ano certo", i.e. no 9º...) Assim, a política de incentivos estava correcta na altura. A escolaridade obrigatória era (e é ainda) o 9º ano ou os 15 anos de idade, e os incentivos apoiavam a partir dos 16 anos (idade legal para trabalhar);

7. Actualmente o desafio que se coloca ao país é, felizmente, mais avançado. Fazer com que o nível mínimo de qualificação à entrada no mercado de trabalho seja o secundário, como é próprio de qualquer país desenvolvido (veja p.ex. os EUA, a Inglaterra, a França ou outro). E estamos ainda muito longe de o conseguir. Actualmente 45% de cada coorte etária está a entrar no mercado de trabalho sem o secundário, o que é, concordará, verdadeiramente dramático para a nossa economia e para a sustentabildidade do nosso mercado de emprego.
Deveremos continuar a transmitir o sinal ao mercado - jovens e empresas - de que esta realidade é positiva e de incentivar?
Por outro lado, é claro que o desemprego jovem - nomeadamente de qualificações médias e superiores - permanece uma realidade, pelo que não só se devem manter os incentivos existentes, como reforçados outros mecanismos de apoio à transição para o mercado de trabalho e a requalificação. A proposta do Governo, felizmente, vai neste sentido.

8. Mas a 2ª dimensão que se coloca hoje no nosso mercado de emprego - com muito mais intensidade que em 1994 - é a necessidade de promoção do envelhecimento activo. Como já referi, todos os indicadores do mercado de emprego comprovam que os trabalhadores mais velhos, quando no desemprego, têm muito mais dificuldades em regressar ao mercado. Esta realidade é particularmente visível nas taxas de (in)actividade e de emprego, mais até que nas taxas de desemprego. Pq mais na inactividade? Porque segundo os critérios do Eurostat, as pessoas só são consideradas desempregadas quando declaram "procurar activamente emprego", e o que acontece nos estratos mais velhos é as pessoas desempregadas desistem de procurar emprego, saíndo assim da categoria de "desempregados" e passando para a de "inactivos"

9. Para ilustrar a delicadeza da situação portuguesa e europeia nesta matéria, basta dizer que a taxa de actividade nos EUA para trabalhadores com 50 ou mais anos é 17 pp superior (dezassete pontos percentuais superior!) à Europeia (ver de novo eurostat, structural indicators em www.eurostat.eu.int). E é isto que justifica que TODOS os países europeus tenham elegido o envelhecimento activo como uma linha fundamental das suas estratégias de emprego (ver p.ex. conclusões do último conselho informal de ministros do trabalho em Guimarães);

10. A resposta a este desafio deve ser dada por vários instrumentos de política pública (p.e.x. desincentivo às reformas antecipadas, políticas de qualificação - já se informou sobre a Iniciativa Novas Oportunidades para a qualificaçao de activos de baixa escolarização?), nos quais se incluem, naturalmente, os apoios à contratação.

11. A proposta do governo (e sim, trata-se de uma proposta que foi apresentada aos parceiros sociais para debate em CPCS) consiste pois na criação de um novo apoio (para além dos existentes), dirigido especificamente a este público: desempregados com mais de 55 anos.

12. Depois da negociação com os parceiros, e como a lei obriga, a proposta estará em discussão pública através do Boletim do Trabalho e do Emprego. Espero sinceramente que seja aprovada como está, pois só peca por tardia...

13. Por último quanto ao financiamento da proposta, não é exacto o que refere. Dentro do Orçamento da Segurança Social é sempre possível a gestão flexível de receitas e despesas. E não me custa nada a crer que, se feita com inteligência, esta proposta não tenha um impacto financeiro significativo.

14. Basta pensar que por cada desempregado de mais de 55 anos que venha a ser empregado, a Segurança Social deixará de pagar i) o subsídio de desemprego, ii) o subsídio social de desemprego; e iii) o prolongamento até à reforma, para além de passar a angariar contribuições...

Não consegui encontrar a proposta global no site do ministério do trabalho (tive acesso a ela através de um dos parceiros sociais), mas espero que a coloquem em breve. Talvez a possa analisar e ponderar melhor a sua posição. Pelo menos, e isso já seria um avanço muito positivo, ter menos arrogância para quem trabalha, de forma dedicada e séria, para enfrentar os particularmente complexos problemas do nosso mercado de emprego. Mesmo discordando das soluções.

Uma boa semana para si.

 

Blogger GPM said ... (8:08 PM) : 

Bem continua a acusar-me de coisas que não são verdade. Se olhasse com mais atenção o que está nesta página de certeza que não se referia a essa história do anonimato como arma de arremesso. Aliás o único anónimo aqui é aquele que escreveu os dois comentários que por sua vez também podem ser dois anónimos, pois não é possível determinar.

Depois continua a atacar o meu conhecimento cientifico e a falar dos títulos dos jornais. Eu possuo outras ideias que pode ou não aceitar e acredito que a comunicação social é fundamental para a divulgação e novamente refiro que baseei a minha opinião nessas noticias que ainda não foram desmentidas ou corrigidas.

Se continua a julgar que eu não conheço estes temas vai continuar a arrepender-se de me atacar desta forma porque os conheço muito bem e tenho a minha opinião completamente formada. Talvez o problema seja na forma como o abordo que é difícil de aceitar para muita gente neste país. De qualquer forma, o fracasso contínuo das políticas existentes para o mercado de trabalho em Portugal e na Europa do Sul têm dado razão aqueles que defendem as mesmas ideias que eu defendo.

Falar de supostas propostas que não são públicas e questionar a minha opinião com esses argumentos não pode servir como argumento pelas razões óbvias.

Além disso existem os factos. Para a aprovação de um novo programa de despesa durante este ano este teria que estar orçamentado ou então ser a alteração de um existente. Qualquer processo de retificação do orçamento do MTSS teria sempre de ser submetido à Assembleia da República e isso demorará pelo menos uns 2 a 3 meses. Assim mais valia aprová-lo no próximo Orçamento de Estado. Se não for esse o caso então o que referiu é exactamente o que eu tinha acusado. Estamos perante uma transferência de despesas entre diferentes grupos.

Qualquer alteração entre outras despesas e receitas que acontece noutros itens orçamentais e como tal se equiparam a transferências entre programas teriam sempre de ser aprovados pela Assembleia da República. Se esse truque for concretizado então estamos perante uma despesa sem cabimento orçamental e como tal ilegal. Não é só uma questão do total de receitas e despesas a que a lei do Orçamento se refere mas sim à sua aplicação especifica.

Continuar a acreditar que o problema do envelhecimento activo pode ser resolvido com ajudas financeiras em detrimento do apoio aqueles que têm realmente dificuldades e não possuem uma herança financeira e de experiência do mercado de trabalho será no futuro um erro crasso. Comparar o mercado de trabalho americano com o europeu é um erro ainda maior.

O mercado de trabalho americano implica incentivos enormes ao trabalho que não existem na Europa (de seguir o trabalho de Olivier Blanchard neste assunto específico). Em primeiro lugar a protecção social no desemprego é quase inexistente em comparação com a europeia. A segurança social não é tão generosa. Esses dois factores aliados ao liberalismo da lei laboral provocam nos trabalhadores americanos uma necessidade de serem produtivos durante toda a sua vida. Um trabalhador americano tem entre 7 a 12 empregos até aos 35 anos de idade até estabilizar num emprego. Durante toda a sua vida laboral tem de procurar investimentos que o garantam de uma forma digna no período após sair do mercado de trabalho. Isso é reflectido em investimentos financeiros e criação de negócios próprios. Ou seja, é o próprio sistema que promove um envelhecimento activo e não uma medida estatal.

Além disso aconselho-o a seguir um interessante artigo publicado pelo Banco de Portugal acerca do capital por trabalhador investido. Portugal investe nos seus trabalhadores um quarto da media europeia e metade dos países do sul como Espanha e Grécia (segundo estes resultados). A referencia online é esta:
http://www.bportugal.pt/publish/bolecon/artigos/wp.asp?Lang=p&Ano=2007&Numero=8

Com um atraso enorme em termos de qualificações e capital investido por trabalhador é inevitável que o segmento mais velho do mercado de trabalho sofra as consequências seja através do despedimento devido a falências ou reestruturações nas empresas. Sobre estes e outros atrasos estruturais a nível microeconómico das firmas portuguesas tal como a diminuta dimensão das PMEs, ausência de dispersão do capital nas PMEs e ausência de estruturas de rede através de parcerias que em conjunto limitam a internacionalização e dispersão do sector exportador deveria o Estado incidir os seus esforços. No entanto o que se passa são medidas dispersas e sem nexo. A ausência de estratégia é claramente observada pela diminuição brutal do orçamento do Ministério da Economia.

Referir que o Orçamento de Estado vai sair beneficiado por esta medida só se estas pessoas depois de acabados os subsídios forem contratadas. É claro que todos aqueles que nunca conseguiram um contrato de trabalho não lhes é atribuído um numero de segurança social e como tal não são elegíveis para qualquer tipo de subsidio de apoio durante o desemprego. Neste grupo incluem-se entre outros, estagiários, assistentes de investigação e bolseiros de todo o tipo. Para não falar daqueles que exercendo uma actividade por conta de outrem são prejudicados por um sistema que os obriga a pagar as prestações devidas ao empregador, só porque são invariavelmente contratados a recibos verdes. Com estas questões nunca vi os parceiros sociais muito preocupados.

Referir esta medida como referiu sendo direccionada ao público de desempregados de mais de 55 anos revela em parte a forma de se fazer política que vai acontecendo por cá. Resta agora saber o que se pretende deste público especifico. Um público que possui experiência e capital financeiro adquirido e que podia usar esse capital para iniciar negócios de forma a empregar outros públicos que por sua vez não possuem essas vantagens e como disse são o maior problema em termos de volume de desemprego.

Acerca do programa novas oportunidades, que eu tenha conhecimento o programa ainda se encontra em fase de propaganda para o público em geral existindo apenas esporadicamente como resultado de acordos entre o IEFP e algumas firmas. Existem inclusive queixas de pessoas que se inscreveram em 2006 e ainda não obtiveram qualquer tipo de resposta. Em termos reais este programa não é ainda o programa de massas que se publicita. Vamos ter calma e observar se os objectivos do programa vão sendo cumpridos e qual a qualidade que dai advirá. Também o No child left behind act (versão anos 80) era um óptimo programa para garantir qualificações no papel e formar analfabetos e iletrados na realidade.

Caro anónimo ou anónimos quero terminar por dizer-lhe(s) que não alterarei a minha posição acerca deste assunto enquanto não observar um documento que diga que as noticias disponíveis até agora não correspondem à realidade. Novamente repito este extrato do diário económico que acho que é completamente elucidaditvo das intenções do Governo:

"Relativamente à contratação de jovens, o governante anunciou ainda alterações na isenção até agora vigente de contribuições para a segurança social nas contratações de pessoas entre os 16 e os 30 anos.

Segundo Fernando Medina, esta isenção apenas se manterá em contratações de pessoas até aos 23 anos e que tenham o ensino secundário ou que estejam a frequentar acções de formação."

Se isto não é o anuncio de um retirar de apoios em larga escala, sendo uma faixa etária completamente varrida das condições de elegibilidade como poderá então ser entendido?

Além disso que comentário deveremos fazer das capacidades de previsão do Secretário de Estado depois de ele ter dito isto também no DE:

«Fernando Medina considerou ainda que estas medidas não vão aumentar o desemprego na faixa etária dos mais novos, porque se "está a fazer em simultâneo um fortíssimo alargamento da oferta de formação para esses jovens"».

Deve considerar que como o Secretário de Estado o refere desta forma devemos todos acreditar que se vai concretizar e não será correcto criticar e questionar os fundamentos e intenções. Eu não concordo com essa posição e como tal critiquei e vou continuar a criticar estas e outras politicas.

Por último caro(s) anónimo(s) não considere(m) a minha forma de escrever como arrogante, bem sei que em Portugal existe uma enfermidade chamada politicamente correcto que tolda o espírito de muitos. Se eu sou mais politicamente incorrecto e por vezes uso de metáforas ou figuras de estilo para reforçar as minhas opiniões ou posições, sendo irónico e por vezes sarcástico mas nunca incorrecto, não considere(m) isso como arrogância mas como estilo de comunicação escrita. Não é nada de especial e serve para provocar reacções para aqueles que se deixam melindrar. Por vezes também ajuda outros a revelarem-se e a demonstrar o seu verdadeiro estado de espírito e convicções mais profundas. Julgo que o primeiro comentário é um bom exemplo disso...

 

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