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Tuesday, June 05, 2007

Indiferença na acumulação ou equilíbrio externo numa pequena economia aberta

Para as pequenas economias abertas como Portugal a abertura dos mercados internacionais possibilitou a oportunidade de obter os recursos, tecnologia e mercados necessários para potencializar o seu crescimento. No entanto essa oportunidade foi obtida com o fim do proteccionismo e uma liberalização dos movimentos de capitais, que nos casos de perca de competitividade podem significar que os fluxos que potenciam o crescimento se alterem e aconteça exactamente o efeito oposto.

Basicamente este dilema pode ser exposto como um problema de indiferença na acumulação entre activos externos e capital doméstico. Ao contrário do que se costuma pensar uma pequena economia aberta não entra em recessão automaticamente quando perde competitividade, pois os agentes podem sempre recorrer ao exterior de forma a obter recursos que lhes permitam manter o mesmo nível de consumo anterior. Se este efeito for conjuntural então apenas temos diminuição da riqueza liquida que terá efeitos reduzidos no longo prazo. Se no entanto a perda de competitividade for estrutural, então a produtividade marginal liquida doméstica, isto é, a rentabilidade do capital doméstico deixa de estar em equilíbrio com a rentabilidade dos activos externos e até se obter um novo equilíbrio o ajustamento será longo e dependerá do ajustamento estrutural que seja considerado.

De forma a simplificar este problema podemos reduzir uma pequena economia aberta a um individuo que gere um negócio cuja produção vende para o exterior e que pode obter a uma dada taxa de juro internacional rendimentos de activos externos ou acumular a divida que ache ajustada. Vamos supor que ele terá sempre uma posição liquida positiva. A um dado momento devido a um choque tecnológico negativo o negócio deste individuo começa a perder competitividade em relação a outros produtores no exterior e a sua quota de mercado reduz-se deixando este individuo com menos recursos financeiros. A primeira atitude dele é não ser afectado na sua utilidade e utilizar a oportunidade de obter fundos no exterior para manter o seu nível de vida. Isto permite ao individuo reduzir pouco o seu consumo mas afecta o seu investimento e acumulação de capital no seu negócio até atingir um nível insustentável de encargos em relação ao estrangeiro. O individuo sabe que esta situação tem de ser alterada pois os seus credores não estão dispostos a continuar a proporcionarem-lhe fundos indefinidamente. Estamos na posição inicial do gráfico exposto em cima.

O gráfico acima foi obtido de um modelo de crescimento endógeno para pequenas economias abertas e exemplifica a convergência para o longo prazo a partir desse momento. Podemos pensar na convergência como uma relação dinâmica entre o investimento e o capital ou então em termos estáticos no equilíbrio macroeconómico entre a rentabilidade dos activos externos e internos. Inicialmente o individuo usa os seus recursos não para investir em activos domésticos mas sim em activos externos que possuem uma melhor rentabilidade. Apenas quando se reaproxima do reequilíbrio financeiro de longo prazo se torna rentável recuperar o investimento doméstico e consequentemente a produção. Este tipo de efeito é semelhante ao que se passa hoje na economia portuguesa em que as famílias preferem colocar as suas poupanças em activos externos através do sector financeiro a investir em actividades produtivas domésticas, esse efeito dilui-se à medida que as famílias readquirem a sua posição financeira e a convergência para o reequilíbrio estrutural é retomada.

No gráfico acima encontra-se um possível processo de convergência partindo da hipótese relatada. Como se trata de um modelo de crescimento endógeno as variáveis consumo (c*), divida externa (b*), investimento (i*) e capital (k*) encontram-se definidas como desvios em relação à tendência de longo prazo. Os movimentos específicos observados nas variáveis dependem dos parâmetros da simulação e dos valores iniciais, em especial o efeito de over-shoot da dívida externa na transição para o longo prazo. Devido às hipóteses iniciais a rentabilidade do capital interno tem de estar em equilíbrio em relação à rentabilidade do capital externo, isto significa que uma pequena economia aberta apenas pode divergir deste equilíbrio durante uma transição, seja ela positiva ou negativa. Esta hipótese é consistente com a ideia de que as pequenas economias, apesar de terem recursos limitados, podem utilizar os recursos e mercados do exterior para crescerem acima do seu potencial mas continuam limitadas ao enquadramento externo que enfrentam.

Este é o primeiro pequeno artigo acerca da dinâmica de crescimento em pequenas economias abertas que o Economia pretende apresentar nos próximas semanas, que abordarão diversos de temas de politica económica em pequenas economias abertas. No próximo artigo abordaremos o impacto das decisões de politica fiscal e despesa pública no crescimento de longo prazo.

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