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Monday, June 04, 2007

OTA - Um grande logro económico e financeiro

Após alguns meses dedicados quase em exclusivo à construção e análise de modelos dinâmicos determinísticos entre outros projectos, consegui novamente arranjar algum tempo para me dedicar ao blog. Como tenho andado seriamente preocupado e aborrecido pelo panorama politico e económico português escolhi como tema de regresso a OTA e as suas implicações económicas e financeiras.

Felizmente consegui encontrar um texto que resume as várias implicações deste projecto na perspectiva que pretendo abordar. Isso irá permitir-me focar em alguns pontos que acho fundamentais neste exercício de oposição a esta "besta emergente do pântano" chamado aeroporto da OTA. O artigo que me refiro foi escrito por João Miranda no DN de sábado passado e pode ser encontrado aqui.

Apesar do artigo de João Miranda referir praticamente todos os problemas de financiamento desta "besta"resta-me no entanto acrescentar alguns dos custos escondidos que por falta de espaço ou informação não foram já referidos neste artigo. Começo pelos custos técnicos escondidos. Refiro-me especificamente às derrapagens inevitáveis que implica a construção em pântanos. Sem querer ser muito especifico quero apenas referir que vários engenheiros já chamaram a atenção que o verdadeiro custo da OTA só poderá ser determinado depois do tratamento que será necessário fazer sobre os tais terrenos lodosos. Qualquer previsão anterior a esta preparação trata-se apenas de um exercício especulativo de engenharia. Estimativas apontam para um aumento do custo total de cerca de 60% do custo previsto o que atira o custo directo do novo aeroporto para cerca de 5 mil milhões de euros.

Em segundo lugar queria referir o custo ambiental escondido. Aqui temos pano para mangas pois este projecto é tudo menos amigo do ambiente. Resumindo, este custo representa cerca de 720 hectares perdidos da REN e a implementação de um aeroporto no estuário. Em relação à REN já sabemos que ela é o PDM dos sucessivos governos, protege-se até aparecer alguém a dar alguma coisa que valha a pena. Construir em estuários é mais complicado pois é para onde os rios costumam atirar o seu periódico excesso de capacidade. Se os cenários de alterações climáticas previstas se concretizarem a OTA poderá servir também de marina pois é esperado uma transição do clima português de 4 para 2 estações. Basicamente invernos mais rigorosos podem levar a um aumento sazonal do volume do rio e consequentemente do seu impacto no estuário. Quem pagará estes problemas quando eles acontecerem? Estas questões nunca foram respondidas.

Em terceiro lugar queria aprofundar os custos económicos do "Loch Ness" da OTA que mesmo sem existir já vai criando mitos em seu redor. Com custos de instalação gigantescos é de esperar que não seja barato usar este aeroporto. Isto implica 3 cenários possíveis visto que o modelo da parceria publico-privada ainda não foi completamente definida nos planos apresentados. Poderemos ter os custos repartidos entre utilizadores ou contribuintes ou ambas as coisas. Não me refiro à alienação da ANA que permitirá ao Estado pagar a sua parte. Refiro-me a como será repartido o risco entre o publico e o privado. Com estes valores de investimento e horizonte temporal arrisco a hipótese que nenhuma empresa privada assumirá qualquer risco, assim os custos serão todos pagos pelos contribuintes e/ou utilizadores de forma a garantir a remuneração do capital privado. Se for pago pelos utilizadores exclusivamente então o valor das taxas aeroportuárias será enorme o que afastará as companhias low-cost, que curiosamente são as principais responsáveis pelo boom do tráfego aéreo a nível mundial. Se forem os contribuintes então teremos o modelo scut, ou por outras palavras mais impostos no futuro.

Em qualquer dos modelos a necessidade de construir um aeroporto para as low cost seria inevitável. No caso do modelo utilizador pagador (acresce nesta hipótese os custos do monopólio de gestão aeroportuária que o governo se prepara para implementar) este aeroporto teria de existir paralelamente à OTA ou o turismo de Lisboa seria literalmente arrasado com o desvio das rotas das companhias low cost. Mesmo que o contribuinte pagasse ao longo de décadas este elefante branco todas as previsões e especulações indicam que seria necessário e vantajoso um aeroporto low-cost. Perante isto só não se vê a solução Portela mais um como natural e racional quem não quer mesmo ver, pois o que nos estão a vender será também sempre a OTA mais um e mais uns milhares de milhões pelo meio, com a pequena vantagem de termos um terminal de carga moderno. Será que um terminal de carga moderno na Portela custaria 5 mil milhões de euros?

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