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Friday, November 30, 2007

Exportar Inflação...

Estarão a China e os Estados Unidos a praticar uma politica de exportação de inflação para a União europeia? Neste momento existe um sério risco de a União Europeia e nomeadamente os países do Euro terem os seus principais instrumentos de controlo de preços limitados pela politica monetária chinesa e pela irresponsável fiscal americana. Como pode isto acontecer? Muito simplesmente pelo facto de a politica monetária neste momento ser apenas eficaz num dos seus objectivos, controlo de preços ou estabilidade cambial. Qualquer aumento da taxa de juro na zona Euro perante uma moeda chinesa mantida artificialmente desvalorizada e um dólar desvalorizado pelos défices gémeos e excesso de dívida provocará sempre uma apreciação do Euro em relação a estas divisas. No entanto perante pressões inflacionistas de curto e médio prazo esta é a única politica possível neste contexto.

Quais serão as consequências se nada se alterar? Basicamente o que já aconteceu à balança comercial americana em relação aos países asiáticos mas provavelmente num contexto de ortodoxia fiscal. Neste cenário uma expansão das importações para a UE devido a uma apreciação anormal do Euro poderá levar a um cenário de défice exagerado na balança de transacções correntes num cenário de taxas de juro baixas, o que implicará inevitáveis pressões para a existência de uma aceleração do nível de preços no médio prazo, sendo que existem indicações que este fenómeno poderá já estar a ocorrer.

Existem opções? Sim , algumas mas nenhuma interessante se não existir coordenação da política macroeconómica entre estes três blocos económicos. A UE pode sempre intensificar a sua ortodoxia fiscal e impor barreiras comerciais para limitar o desequilibro previsível na sua balança de transacções correntes, mas isso provocará uma limitação do crescimento da actividade económica que apenas poderá ser equilibrado através de ganhos na produtividade.

Porque se arrasta esta situação que ameaça o crescimento destas três potências e possivelmente o paradigma de abertura dos mercados que hoje existe? Este é um jogo com prémios e punições elevados e ninguém quer assumir o papel de ser o primeiro a jogar, revelando as suas concessões e condições iniciais. Esta situação repetiu-se durante a abordagem deste tema durante a 10ª cimeira UE-China em que não foi possível chegar-se a um acordo sobre uma declaração conjunta.

Porque não assumem os Estados Unidos o seu papel de liderança natural? Provavelmente porque são o bloco económico que perderá mais em qualquer cenário, desta forma deixam de ser um líder natural nesta questão. Com uma economia a abrandar e uma perspectiva de crescimento reduzido no médio prazo em conjunto com um nível de inflação superior, assumir uma política de ajustamento real em ano de eleições, com os custos que isso pode provocar no curto e médio prazo, inclusive no financiamento das actuais operações militares, não parece ser uma opção viável. Assim continuar a pressionar a China a alterar a sua politica monetária sem provocar nenhuma ruptura em relação a outros assuntos como a política comercial e geo-estratégica parece ser a única posição viável actualmente para a política e diplomacia económica americanas.

Porque não assume a China o seu gigantesco excedente comercial e valoriza a sua moeda? Sendo os desequilíbrios cambiais excessivos provocados pela politica cambial chinesa, que a leva a sentar-se em cima de um gigantesco barril de Dólares e no futuro possivelmente também de Euros, porque não adoptar uma politica que corrija a situação, reduza parte dos riscos macroeconómicos internacionais e que permita aos cidadãos e firmas chinesas trocar parte do papel americano e europeu por produtos, serviços e tecnologias reais enquanto estes valem alguma coisa nos mercados? Não compreenderão os lideres chineses que este barril de divisas externas, que resultou de uma expansão económica espantosa, pode rapidamente tornar-se um barril de pólvora em que os maiores prejudicados podem ser eles mesmos, visto que se tornaram os maiores detentores da moeda de reserva internacional num contexto em que esta se encontra extremamente fragilizada? A existência de tantas interrogações ao comportamento do governo chinês deve-se ao facto de a incerteza em relação à política de uma autocracia ser bastante superior ao de uma democracia. Já no passado a China tinha promovido uma situação de excessivo excedente comercial com a super potência da altura, a Inglaterra, que culminou com os acontecimentos que foram descritos como a Guerra do ópio. Os livros de histórias estão cheios de descrições da brutalidade dos britânicos na prossecução dos seus reprováveis objectivos comerciais, o que eles geralmente se esquecem de referir é a razoabilidade do fenómeno de um país que aceita vender os seus melhores produtos e recursos naturais em troca de papeis ou pedras como o ouro e prata, na altura com reduzido uso industrial. Este tipo de situação só pode coexistir com um regime autocrático que limita as possibilidades e escolhas dos seus próprios cidadãos, em beneficio da acumulação de riqueza e poder por parte da sua elite dominante. Confrontada com uma necessidade de alterar esta politica a elite chinesa reflecte o medo que têm de transferir a riqueza acumulada para o desenvolvimento real da sua economia e sociedade, pois este movimento poderá levar ao colapso do sistema politico vigente através de um processo de democratização. Neste caso qualquer alteração de politica económica por parte do Governo Chinês apenas representa uma punição para este jogador, apesar de de facto existir um verdadeiro prémio para a sociedade chinesa no presente e no futuro. Um exemplo de politica comercial razoável são as tarifas e quotas à exportação auto-impostas pelo governo japonês durante os anos 80, nomeadamente para a indústria automóvel, de forma a evitar possíveis retaliações comerciais americanas devido ao desequilibro comercial existente. Mesmo num contexto de ausência de soluções ao nível da politica cambial o governo japonês decidiu preservar a boa vontade dos mercados importadores através da limitação provisória da sua indústria. Hoje, apesar dessas limitações passadas a indústria automóvel japonesa continua fulgurante, enquanto a americana se encontra em contracção a nível mundial, sendo este resultado uma prova que restrições comerciais por si não são determinantes para os fundamentais de uma industria ou economia saudáveis. Não existe nenhuma razão para pensar que este resultado não possa ser obtido pela indústria e economia chinesas cujo potencial de desenvolvimento e expansão interno e externo é ainda formidável e que a criação de uma classe média permitiria praticamente iniciar uma segunda revolução tecnológica e industrial. No entanto, perante este cenário actual e um futuro que inclua guerras comerciais e instabilidade macroeconómica internacional o governo chinês prefere esperar e continuar a exportar inflação...

Friday, November 23, 2007

Uma Cisão Esperada...

Segundo o Correio da Manhã, confirmou-se a saída da Federação Portuguesa da Indústria de Construção e Obras Públicas (FEPICOP) da Confederação Industrial Portuguesa (CIP). Esta atitude foi justificada pelo presidente da FEPICOP pelas declarações do presidente da CIP, que assumiu a existência de incumprimento fiscal por parte de algumas das maiores empresas portuguesas. Um facto que é público e que se limita a relacionar as empresas indiciadas na operação Furacão de combate à fraude fiscal e os dados públicos sobre o seu volume de negócios.

Este desenlace reflecte no entanto uma cisão há muito esperada entre dois sectores da indústria portuguesa, o sector da construção e obras públicas e o sector dos bens transaccionáveis, cujos interesses e expectativas em relação à política económica seguiram caminhos diferentes. Os primeiros pretendem um Estado que continue a promover o investimento público em infra-estruturas e uma politica económica que beneficie a construção, enquanto o sector exportador pretende um Estado eficiente e que promova a competitividade económica em relação ao exterior. Neste contexto as declarações de Francisco Van Zeller, que apenas se limitou a assumir um conjunto de factos públicos, serviram para promover uma cisão entre dois lóbis, cujos interesses já não eram compatíveis com a convivência numa organização comum.

Estradas de Portugal: De EP para SA para criar receitas extraordinárias?

O ex-Ministro das Finanças, Luis Campos e Cunha, avalia num artigo de opinião no jornal O Público as razões politicas e económicas que levaram à transformação da empresa pública Estradas de Portugal em sociedade anónima aberta a capitais privados. Campos e Cunha relaciona os prazos de concessão da gestão rodoviária em Portugal com a renovação das concessões existentes em diversas auto-estradas, de forma a financiar os pagamentos nos próximos 3 anos dos custos com as Scuts existentes. Isto só será possível se as renovações das concessões existentes forem entre 60 a 75 anos, cerca de três vezes mais longas que as iniciais.

Segundo Campos e Cunha este expediente configura a criação de receitas extraordinárias em relação a um sector do Estado com especificas e reconhecidas dificuldades orçamentais, sendo que a solução garantirá uma cosmética contabilística num horizonte de 2 a 3 anos, prazo esse em que será possível abrir o capital da Estradas de Portugal ao investimento privado e garantir uma nova solução financeira para a gestão rodoviária nacional.

Luis Campos e Cunha em O Público: "E.P. extraordinárias no prelo?

Wednesday, November 21, 2007

Mercado de Trabalho: Mais empregos mas piores empregos

A taxa de desemprego trimestral estimada pelo INE acelerou novamente, em termos homólogos e em relação ao trimestre anterior, para próximo dos 8%, indicando que muito provavelmente a sua média anual se irá aproximar deste valor.

Não só estes valores contrariam as perspectivas mais optimistas para o mercado de trabalho, como também confirmam neste momento uma diminuição do emprego qualificado e aumento da precariedade. Sendo a segunda situação esperada, devido à rigidez excessiva existente no mercado de trabalho português, a tendência de perca de qualificações e aumento de desemprego qualificado, não só neste trimestre mas em relação aos dois últimos anos, revela que a política económica e mais concretamente o código do trabalho têm de ser revistos não em 2009 apenas mas sim o mais cedo possível.

- Relatório Trimestral da Taxa de Desemprego INE
- Diário Económico: "Mercado de trabalho mais precário"
- Diário Económico: "Portugal perdeu 167 mil empregos qualificados"