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Sunday, July 15, 2007

Férias!!!!!!!!!!!!!!!!

O Economia vai a banhos durante 15 dias e regressa só no final de Julho. Boas férias para quem for ou bom trabalho para quem ficar por cá!

Saturday, July 14, 2007

Estacionaridade e quebras em tendências de longo prazo

Durante os anos 80 e 90 um dos temas mais discutidos na teoria das séries temporais e na macroeconometria foi a classe de estacionaridade a que cada série económica especifica pertencia. As hipóteses colocadas eram duas. Se eram estacionárias em relação a uma tendência ou se estávamos perante processos com raízes unitárias que na presença de choques deixavam de ser processos estacionários ou a sua variância tendia para infinito. Neste caso seriam estacionárias às diferenças.

Em 1989 no artigo de Pierre Perron "The great crash the oil price shock, and the unit root hypothesis" foi colocada a hipótese de estacionaridade em relação a uma tendência com quebra em oposição à hipótese de existência de uma raiz unitária. Estas quebras estariam, nesta hipótese, relacionadas com períodos importantes onde ocorreram mudanças económicas, como a Grande Depressão e o choque petrolífero de 1973. Com base nesta hipótese foram construidos vários testes de raízes unitárias do tipo Dickey-Fuller, ou Dickey-Fuller augmented, que redundaram numa discussão cientifica estéril de testes e mais testes com várias hipóteses especificas acerca da estacionaridade das séries temporais.

Apesar da questão dos testes de raízes unitárias ter caido em desuso devido à inexistência de consensos na abordagem ao problema, um método que perdurou foi a estimação de quebras em tendências de séries longas através de métodos estatísticos. Estes modelos geralmente conhecidos por modelos additive outlier estimam endogenamente quebras na ordenada na origem ou declive das tendências de séries longas, através da utilização da estatísticas de ajustamento global como a estatística F. Pierre Perron e Thimothy Vogelsgang propõem no seu artigo de 1998, "Additional tests for a unit root allowing for a break in the trend function at unknown time", vários métodos de optimização global para se obter os pontos de quebra. Existe um senão nesta abordagem que diz respeito à ineficiência deste tipo de procedimentos. A razão para isso é que se trata de optimizações globais que obrigam a computações demoradas quando queremos estimar um número elevado de possíveis quebras . Mais recentemente foram propostos por Jushan Bay e Pierre Perron (1998) em "Computation and analysis of multiple structural-change models" métodos para estimar quebras através de optimizações locais, diminuindo o tempo de computação e aumentando a precisão das datas estimadas.

Apesar destas última referencia estes métodos não são ainda simples de implementar, assim deixo aqui os loops para a estimação através de um maximizador global de ajustamento tal como proposto para uma a quatro quebras possíveis. Estes scripts são destinados ao programa Eviews e apenas é necessário carregar um workfile com a série conjuntamente com o script em formato de programa e correr. Como o compilador de Eviews funciona com um simples ficheiro de texto decidi carregar os quatro scripts todos no mesmo ficheiro de texto que têm depois de ser copiados para o ficheiro especifico de programa. Os resultados podem ser observados na figura acima que se refere à estimação de quatro quebras (devem ser sempre retiradas as variáveis de quebra na ordenada ou no declive não estatisticamente significativas) para o logaritmo do produto interno bruto em termos reais dos Estados Unidos da América. Este tipo de procedimentos pode ser utilizado em diversos tipos de análises sendo a minha utilização preferida a estimação de séries estacionárias ajustadas a regimes de longo prazo. Outras hipóteses podem no entanto ser consideradas.

Eviews Scripts for Trend Crash/Change Additive Outlier Models in TXT format

Wednesday, July 11, 2007

Perspectivas Banco de Portugal 2007-2008

O Banco de Portugal publicou hoje o boletim económico de verão de 2007 com as suas perspectivas de macroeconómicas para os próximos 6 trimestres. De realçar a confirmação da recuperação do investimento empresarial que aliado ao crescimento das exportações, que tem produzido ligeiras correcções na situação externa portuguesa, indiciam uma recuperação mais sustentada para os próximos 6 trimestres. Ainda assim, o Banco de Portugal mantém a sua prudência em relação à dimensão desta recuperação e ao seu impacto nos mercados de trabalho. A criação de emprego ainda não compensa o aumento do da oferta de trabalho total sendo que nas perspectivas do governador (no público online) essa situação pode começar a alterar-se no próximo ano com a convergência da economia portuguesa para os niveis de crescimento da área euro. Os principais riscos têm a ver como uma previsível deterioração das condições financeiras nos próximos trimestres, devido às pressões inflacionistas na zona euro e consequentes aumentos da taxa de juro pelo BCE, que podem levar a uma deterioração do investimento privado e da procura externa.

Em relação ao Banco de Portugal queria também deixar aqui um elogio pela disponibilização de séries temporais da economia portuguesa à boa maneira anglo-saxónica através de simples ficheiros em pdf e excel. Na mesma página onde se encontra a lista dos boletins económicos é possível aceder às séries longas trimestrais da economia portuguesa para o período de 1977-2006 de uma forma simples, num formato simples e sem obrigar o utilizador em embrenhar-se nos meandros complexos das bases de dados online que são tão comuns nas mais diversas instituições Europeias. Desta forma deixo aqui as referências para as séries longas da economia portuguesa em formato pdf e excel para os interessados, investigadores e estudantes:

Séries longas da economia portuguesa trimestrais em pdf

Séries longas da economia portuguesa trimestrais em excel

Tuesday, July 10, 2007

Politica Económica num Mundo Globalizado

Estes dois livros de Joseph Stiglitz, Globalização a Grande Desilusão e Os Loucos Anos 90, seguem aqui na secção de Book Review como verdadeiros gémeos que devem ser lidos em conjunto.

Joseph Stiglitz não é um economista qualquer, com uma carreira académica fulgurante que começou durante os anos 60 e ainda continua activa, onde se inclui um prémio Nobel em 2001 em conjunto com George Akerlof e Michael Spence, que premiou o trabalho destes académicos na análise de mercados com informação assimétrica, vários doutoramentos honoris causa concedidos por universidades de todo o mundo entre outras distinções. Joseph Stiglitz é com o devido mérito considerado como um dos maiores economistas vivos da nossa época. Estes dois livros não são no entanto pesados volumes académicos mas sim textos dirigidos ao comum dos mortais que se interesse pelo tema da politica económica moderna, tendo a possibilidade nestes dois livros de conhecer os pontos de vista de um economista que durante a década de 90 foi membro do conselho económico da administração Clinton e economista chefe do Banco Mundial.

Antes de falar dos textos em si gostava de deixar uma palavra em relação às versões Portuguesas do texto. No global as traduções são boas, com uma ou outra gralha não significante para o conjunto, no entanto, o título escolhido para o texto Globalização a Grande Desilusão não é de certeza o mais feliz. Fica aqui o meu reparo ao editor por não ter considerado que este titulo é uma tradução errada para Globalization and its Discontents. Em relação ao outro texto, Os Loucos Anos 90, este titulo deve ser entendido como uma analogia à década de 20 nos EUA. Na minha perspectiva existe um duplo sentido na expressão Roaring Nineties utilizada por Stiglitz, pois pretende referir-se a algo que apesar de fazer muito barulho não reflecte essa propriedade em velocidade ou resistência, existem vários carros e máquinas que possuem claramente as mesmas características.

Em todo o trabalho de Stiglitz existe sem dúvida uma frase por ele proferida que define não só o seu papel de conselheiro económico nestas instituições durante este período, como também as suas opiniões acerca do que se passou de melhor ou pior durante a década de 90: "Nos mercados quem ganha não são aqueles que são mais competitivos mas sim aqueles que possuem mais e melhor informação". Esta afirmação refere-se sobretudo aos problemas das remunerações dos CEO baseadas em stock options que ainda hoje são consideradas como responsáveis, em parte, pelas crises financeiras do final e inicio do século. Incentivos provocam reacções e maus incentivos provocam más reacções. Se adicionarmos assimetrias de informação a este cenário então poderemos ter verdadeiras receitas de desastre. O maior exemplo de todos os tempos destes problemas é o colapso da Enron, no entanto não é o único nos tempos modernos.

Começar esta abordagem pelos Loucos Anos 90 permite a mim como também ao futuro leitor seguir uma linha cronológica bem definida. Stiglitz começa não pela descrição da sua experiência como conselheiro durante o milagre dos anos 90, mas 10 anos antes com algumas ideias polémicas. No inicio dos anos 80 estávamos muito longe do milagre económico e a politica nos EUA estava centrada no controlo da inflação. Neste período especifico as ideias do monetarismo técnico dominavam a política económica e monetária e preconizavam um aumento das taxas de juro em resposta ao aumento da massa monetária. Apesar destas teorias terem sido abandonadas os seus custos na actividade económica e emprego foram bastante grandes. Stiglitz, muito perto das ideias da escola austríaca, considera que nesta crise estavam as sementes da expansão que mais tarde foram despoletadas pela politica de contenção orçamental da administração Clinton. Um argumento um pouco estranho para um assumido neo-keynesiano mas de fácil interpretação. A politica monetária excessivamente restritiva tinha destruído a velha economia e tinha dado espaço à nova economia de se começar a implantar. Além disso destruiu também as velhas ideias nacionalistas no terceiro mundo (de esquerda ou direita) através da crise de dívida externa provocada pelo aumento das taxas de juro dos contratos denominados em dólares. Isto abriu o caminho para uma maior interdependência comercial e financeira que mais tarde ficou conhecida como globalização. Porque foi o controlo do défice dos EUA importante para este desfecho? Porque parou os efeitos de crowding-out despoletados pela politica de divida excessiva das administrações republicanas. Stiglitz aborda este tema pormenorizadamente no inicio de os Loucos Anos 90 e define-o como o inicio do turbo-capitalismo liderado pelo capital financeiro, o primeiro sector a globalizar-se.

Durante o restante texto Stiglitz refere-se aos desafios de politica económica e à difícil coabitação entre as diversas instituições que dominam a politica económica dos EUA. Entre os temas abordados encontram-se as dificuldades de alinhamento entre a política fiscal e monetária devido às diferentes perspectivas entre o FED e a administração e inclusive as perspectivas do Departamento do Tesouro e do seu braço internacional o FMI em relação à condução dessas politicas. Incentivos, assimetrias de informação e diferentes visões da economia marcaram esta época de inegável sucesso, mas segundo Stiglitz continham em si as sementes da destruição que se seguiu. Para Stiglitz o excessivo ênfase nas virtudes dos mercados e a solução clássica de desregulação provocaram as crises financeiras e de energia tão sobejamente conhecidas. Nesta altura já Stiglitz era economista chefe do Banco Mundial e a economia tinha-se definitivamente globalizado, seguindo um percurso que se antevia imparável.

No livro a Globalização a Grande Desilusão, Stiglitz aborda o período que passou como economista chefe do Banco Mundial, que ao contrário do seu emprego anterior não se revelou tão simpático em termos de resultados e reconhecimento. Todos nos recordamos da crise financeira Asiática em 97 e da crise financeira Russa em 98, Stiglitz fala destes acontecimentos como um verdadeiro insider man nas estruturas do capitalismo financeiro mundial. Ao longo de todo o livro algumas das ideias fundamentais são, por exemplo, a critica à chamada politica do consenso de Washington e uma acusação aberta à politica seguida pelo FMI durante as crises de balança de pagamentos. Stiglitz demonstra, e não é o único, como a FMI segue uma política de defesa das grandes instituições financeiras ocidentais durante as crises financeiras no mundo em desenvolvimento, permitindo com as suas propostas o surgimento de condições de arbitragem que permitem aos especuladores cambiais destruírem uma economia em poucos dias. Estas criticas acabaram por valer a Stiglitz a perca do seu lugar no Banco Mundial e um conjunto de criticas que no geral são de todo não merecidas.

Apesar de já se ter passado algum tempo em relação aos acontecimentos descritos por Joseph Stiglitz nos seus livros, nem todos os assuntos abordados perderam a sua actualidade. Por serem bastante fáceis de seguir e por serem dois volumes de dimensões razoáveis, os dois livros de Joseph Stiglitz são uma excelente sugestão para os finais de tarde na esplanada da praia para todos aqueles que estejam interessados nestes temas.

Monday, July 09, 2007

Live Earth: Mais um excesso ambiental?

Passados alguns dias do frenesim que se instalou à volta dos concertos pela terra e pelo ambiente mundial começam a surgir motivos para pensarmos que este tipo de eventos são mais prejudiciais que benéficos para o ambiente.

Desde as deslocações dos artistas e do público, passando pelas ligações perigosas a patrocinadores e falta de eficiência energética das várias organizações dos festivais, o Live Earth pode-se gabar de ter produzido um custo ambiental gigantesco durante este fim de semana. Neste post do site Pajamas Media podemos encontrar várias referências a este assunto e às incongruências que encerra. Em português temos também aqui uma pequena referência a este assunto feita pelo Público Online. Basicamente a ideia que se começa agora a criar é que este tipo de eventos apenas serve para promover algumas bandas e alguns public opinion spinners, deixando para o público a oportunidade de se desculpabilizar através da participação nestes eventos. Participação essa muitas vezes paga...

Já tinha referido que este assunto só poderá ser resolvido através da institucionalização de mercados para a poluição que promovam uma utilização racional dos recursos tendo em consideração os custos da poluição. A existência de mercados permitirá também aumentar os incentivos à investigação tecnológica na área ambiental o que já vai acontecendo em alguns países, nomeadamente do Norte da Europa. Mais eventos deste tipo têm apenas o efeito de ajudar ao descalabro, produzindo benefícios apenas para aqueles que se colocam na linha da frente para aparecer nestas manobras de marketing, mas que individualmente e profissionalmente produzem custos ambientais muito superiores ao comum dos mortais.

Para terminar deixo aqui uma ligação ao site Carbon Footprint para aqueles que realmente se preocupam e gostariam de observar os custos ambientais que as suas actividades realmente provocam.

Saturday, July 07, 2007

O mito do individuo altruista...

Quem julga que as questões do aquecimento global alguma vez serão resolvidas através do altruísmo individualista de "todos" não deve de certeza estar a pensar, neste momento, no seu próprio egoísmo tão natural. Manifestações, frases bonitas e concertos intermináveis servem para criar alguma consciência social acerca do assunto e colocá-lo na agenda mediática mas só a criação de mercados a nível mundial poderá racionalizar o uso dos recursos ambientais e promover a tecnologia necessária a resolver os problemas energéticos mundiais. Mais do que um problema de escolhas individuais, o ambiente é um problema institucional que como tal deve ser resolvida pelas diversas instituições que dirigem a sociedade mundial.

Assim neste espírito deixo aqui uma lista de páginas com recursos vários acerca deste tema:




Friday, July 06, 2007

The Century of the Self (ep.4 of 4)

Quarta parte do documentário "The Century of the Self" de Adam Curtis que aborda a influência das ideias da Sigmund Freud na psicologia, política, marketing e relações públicas no século XX.



Wednesday, July 04, 2007

Chafurdice Política à Portuguesa

Afinal não foi a discussão na especialidade da lei do tabaco que promoveu as hostilidades na Comissão de Saúde da Assembleia da República mas sim o debate acerca de quem controla os centros de saúde, esses importantíssimos orgãos fundamentais para qualquer estratégia partidária conseguir atingir os seus objectivos.

Além da normal troca de acusações entre os partidos que formam e formaram governo que se encontram descritas nesta noticia do público online, é mais importante referir a lógica do partido do poder acerca disso e a vontade que demonstra para o defender a todo o custo. Segundo o PS existe um direito emanado eleitoralmente de escolher colegas partidários para essas e outras instituições que sejam resultado de nomeação seguidas de outra nomeação (e ás vezes ainda em 3ª ou 4ª mão). Além disso os partidos de direita também o faziam e ainda pior.

Não era esperada no entanto a exaltação que aconteceu quando o deputado comunista, Bernardino Soares, decidiu fazer uma típica tirada irónica ao estilo parlamentar do tempo da monarquia constitucional, afirmando que se o deputado do PS, Ricardo Gonçalves, sabia tanto destes assuntos então que mais valia interpela-lo em detrimento do Ministro. Qual pai de família, Ricardo Gonçalves exaltou-se e exclamou - "Respeite a política, respeite esta casa". Bem do respeito à política acho que estamos todos conversados mas não fazia ideia que agora os deputados da maioria se achavam com direito a impor o respeito numa casa que pelos vistos julgam sua. Talvez tenha sido o avô ou bisavô de alguns destes deputados que tenha sido responsável pela sua construção e os laços familiares ainda não estejam completamente quebrados.

Perante tudo isto sugiro que se crie uma comissão para decidir quais os lugares a que cada um tem direito segundo critérios por exemplo eleitorais que já foram sugeridos. Talvez assim percamos menos tempo a falar de quem manda na creche pública de uma terriola qualquer e comecemos a falar de assuntos sérios. Sugiro também uma medida de excepção para os deputados que se julgam proprietários morais da Assembleia da Republica e se deixam afectar quando se sentem melindrados, a possibilidade de fumar uns cigarros em local de trabalho . Nada melhor que um cigarro que ainda hoje continua a ser um dos medicamentos mais eficazes para o stress e ansiedade e para acalmar exaltações momentâneas.

Custos de Saúde e Manias Proibicionistas

Excelente post no Causa Liberal que liga as últimas tendências proibicionistas em Portugal, como as últimas tentativas legislativas em relação ao tabaco e outros produtos, à forma de financiamento do Serviço Nacional de Saúde. Sobre o mote das escolhas individuais que têm efeitos perversos no agregado, um post a seguir:

Custos e Proveitos

Tuesday, July 03, 2007

Politica de Trabalho ou Oportunismo Eleitoralista

Hoje, o Secretário de Estado do Emprego e Formação Profissional, Fernando Medina, decidiu ser noticia em vários jornais pelo seu anúncio precoce da nova política de apoios directos à contratação. Esta politica baseia-se basicamente num pressuposto que é a transferência de praticamente todos os apoios à contratação de trabalhadores até aos 30 anos para se tornarem a médio prazo apoios à contratação de trabalhadores com mais de 55 anos. Entre outras publicações podemos encontrar estas referências no DE, CM e JN.

Quais são os verdadeiros objectivos desta medida? Entre vários argumentos apresentados por Fernando Medina, e passo a citar alguns: "apoiar directamente a contratação de jovens que não tenham o ensino secundário completo e utilizar esses recurso para reforçar a oferta de formação e qualificação de dupla certificação: ensino e profissional"; "estas medidas não vão aumentar o desemprego na faixa etária dos mais novos, porque se "está a fazer em simultâneo um fortíssimo alargamento da oferta de formação para esses jovens"; "isenção de contribuições para a Segurança Social nas contratações de jovens entre os 16 e os 30 anos, até agora vigente, apenas se manterá em contratações até aos 23 anos e quando a pessoa tenha o Ensino Secundário ou esteja a frequentar acções de formação. O objectivo é acabar com o incentivo à contratação de jovens sem o Ensino Secundário". Se estes são os argumentos para basear uma politica deste tipo então apenas posso considera-los como pura demagogia e propaganda política com objectivos obscuros.

Fará sentido apoiar um conjunto de trabalhadores que obteve durante décadas rendimentos do mercado de trabalho e que como tal acumulou capital físico e património, obteve experiência de trabalho num sentido profissional e experiência especifica em organizações, possui devido a toda essa experiência uma rede de contactos sociais e também a possibilidade de acesso ao subsidio de desemprego alargado no tempo e à pré-reforma, em detrimento de um conjunto de trabalhadores que não possui nenhuma destas vantagens e apenas pode em determinados casos aspirar a possuir mais qualificações académicas que os seus concorrentes no mercado de trabalho? Bem para alguns iluminados isso parece fazer sentido com base em alguns argumentos.

Já me tinha referido à importância de, neste momento, se apostar na inserção dos jovens no mercado de trabalho no post com o titulo "Sobre a Politica de Trabalho e Desemprego". Nesse post refiro porque na minha opinião a politica de apoio à contratação deveria ser exactamente oposta, baseando-me em dados do Instituto Nacional de Estatística e num simples raciocínio do funcionamento do mercado de trabalho e nos desafios que esta questão implica. Pelas mesmas razões mas noutro sentido, considero que apoiar um segmento do mercado de trabalho que o próprio mercado preferiu, e continuará a preferir desprezar, em detrimento de um grupo que enfrenta sobretudo problemas de inserção nesse mercado, não faz sentido nenhum e será claramente uma política que prejudicará o pais no futuro. Porque despreza o mercado este segmento? Bem porque o excedente social obtido em toda a relação laboral começa a ser negativo, isto é especialmente evidente para trabalhadores menos qualificados, que é o grupo dentro deste segmento que vê esse fenómeno acontecer mais cedo e por várias razões de uma forma mais dramática. Qualquer politica que tente alterar temporariamente esse mecanismo de mercado será um fracasso no médio-longo prazo pois não conseguirá atingir os seus objectivos, despendendo recursos escassos que deveriam servir para beneficiar o nosso desenvolvimento através da correcção de verdadeiras falhas de mercado e não de evidências de mercado. A única forma de ajudar este segmento do mercado de trabalho é promover a inserção deles através do seu capital acumulado, sendo o caminho mais óbvio o apoio à criação de actividades empresariais próprias onde o seu valor seja efectivamente reconhecido.

Por ser tão absurda esta politica só consigo encontrar uma explicação para ela. Promover uma politica que beneficie o Partido Socialista eleitoralmente. Como? Apoiando um segmento da população mais favorável ao PS em detrimento de um segmento da população que dispersa os seus votos por vários partidos à direita e esquerda do PS. Além disso esta política beneficia financeiramente o Ministério do Trabalho ao limitar os apoios aos mais jovens aos fundos para formação provenientes na sua maioria do orçamento da União Europeia. Ao limitar os apoios até aos 23 anos de idade o MTSS limita também o seu apoio a licenciados, limitando assim os sujeitos deste programa a uma faixa da população que tenha o secundário completo e menos de 23 anos. O resultado será apoiar apenas a contratação de jovens entre os 18 e os 23 anos de idade nessas condições de elegibilidade. Os licenciados deixarão de ser apoiados e serão os mais prejudicados por estas medidas, pois não precisam de mais formação no imediato e perdem todos os apoios à inserção no mercado de trabalho.

Os efeitos nefastos desta politica serão vários e não apenas sociais como também económicos e no mercado de trabalho. Nas palavras de Fernando Medina os programas de formação bastarão para limitar estes efeitos, eu não acredito nisto por razões óbvias. Uma das evidências mais importantes acerca de programas activos de emprego são os seus resultados nos EUA. Em média os seus efeitos são mais positivos nos primeiros 15 dias a seguir ao seu inicio indicando que o desempregado mal começa a perceber que os funcionários públicos vão interferir na sua carreira decide que então mais vale arranjar um qualquer emprego e o mais rapidamente possível. Se estes programas funcionam em países do Centro e Norte da Europa isso é devido à concertação social existente sobre a forma de contrato e ao modelo de desenvolvimento existente que permitem estes mecanismos terem resultados interessantes. Num pais como Portugal, em que os parceiros sociais não se conseguem entender numa estratégia comum que os beneficie e que a discussão destes problemas se encontra baseada em argumentos tipo século XIX e no ódio e preconceito latentes que existem entre ambos os lados, é bem provável que esta opção politica não atinja os seus objectivos.


Mas quem é Fernando Medina, o Secretário de Estado que ousa implementar esta medida? Não indo mais longe que o seu curriculo online disponivel no portal do Governo, podemos retirar algumas conclusões interessantes. Fernando Medina é um ex-dirigente académico com um longo cordão umbilical à estrutura partidária do PS desde esses tempos, mantendo diversas posições e nomeações de claro cariz partidário. Fernando Medina nunca teve um emprego no sector privado, não sendo provável que conheça as vicissitudes inerentes ao processo de procurar trabalho e trabalhar para outros que não o Estado ou organizações financiadas pelo Estado. Por último, resta apenas referir que Fernando Medina não possui uma currículo académico relevante nas áreas da Economia do Trabalho ou em qualquer área ligada aos mercados de trabalho. Perante este cenário poderia arriscar afirmar que Fernando Medina se trata, como coloquialmente se costuma dizer, de um "Boy Socialista" ou um "Jotinha". Escuso-me de fazer essas afirmações e prefiro deixar aqui uma célebre frase do General de Gaulle": "A politica é um assunto demasiado importante para ser deixado aos políticos". Certamente que De Gaulle se queria referir a este tipo de casos...

The Century of the Self (ep.3 of 4)

Terceira parte do documentário "The Century of the Self" de Adam Curtis que aborda a influência das ideias da Sigmund Freud na psicologia, política, marketing e relações públicas no século XX.